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013/366 – O rei da selva (de pedra)

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Estes dias li na página 370 léguas a postagem “O leão inútil ou o homem moderno”. O autor fazia analogia entre os homens modernos e os leões, eu não precisaria dizer isto, já que o título entrega a obra. Quando obrigado a ver documentários sobre a vida selvagem na savana, sempre me perguntava, porque este título de rei da selva? Também não sei porque dizem que a maçã é a fruta do amor e do pecado. É claro que esse título pertence a pera, fruta suculenta, de pele fina e macia, cheirosa. Pomba branca símbolo da paz, a ciência já provou que os pombos são ratos de asas, transmissores de todo tipo de parasitas e doenças. Não temos necessidade de símbolos da paz, mas de paz. O leão é um animal político. Não trabalha, não protege os filhotes e muito menos as leoas. Seu único objetivo na vida e se manter no trono. E quando um outro leão toma o poder, mata os seus futuros opositores, os filhotes machos. Se as leoas tivessem acesso a inseminação artificial ou a outra forma de reprodução, os le

012/366 - Minhas namoradinhas

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Vinte oito de janeiro de dois mil e vinte quatro, como de costume aos domingos, fui trabalhar no Balneario Recanto do Matuto . E lá arrumei uma namoradinha, 84 aninhos. Mas antes de falar da conquista de hoje, quero fazer aqui uma declaração de amor a algumas destas namoradinhas que estão na minha vida. Gercina, 78 aninhos, minha sogra, que eu amo abraçar e fazer cosquinhas até ela revidar, enquanto diz: “Rotsen, Rotsen...”. Amo muito. Adelia Ferreira , 86 aninhos, mãe de Vanda Ferreira e Wanderley Carlos , avó de Kássio Ferreira e Kaio Guilherme . Não se vai a casa de Adelia sem tomar um cafezinho e comer uns biscoitinhos. Eu e minha esposa tivemos o prazer de lhe proporcionar assistir a um show do Amado Batista. Amor de pessoa que me chama de Robson. Agora falemos da namoradinha deste domingo, Maria Fonseca. Ela já tinha ido ao Recanto uma primeira vez e nos demos super bem. E hoje, tomei a iniciativa, perguntei se ela queria namorar comigo. Ela disse: “Dez horas da manhã e você

011/366 – Memórias crônicas

Dia destes estava me perguntando se o que escrevo são realmente crônicas. Ana Paula Ibrain me fez ver o que podem ser, memórias. Sim, meus textos têm muito de memórias. Mas sendo eles crônicas ou não, não é uma coisa que me tire o sono, é só que quem escreve vive a se questionar. Preocupações com títulos, gêneros literários, se o que faz é literatura ou pelo menos algum tipo de arte. O texto de hoje só tem de bom o título, “Memórias crônicas”. Pode vir a ser o título quando eu reunir minhas crônicas em um livro. Outro título bom para a reunião de meus textos é “Crônico”, ambos inspirados em minhas conversas com a amiga Ana Paula Ibrain . Em latim existia a palavra “chronica”, para designar o gênero que fazia o registro cronológico dos acontecimentos históricos, sem aprofundamento ou interpretação. Na mitologia grega temos Cronos, deus do tempo. Talvez o que eu escreva sejam só reminiscências, mas isto não é importante, não o suficiente para que eu fique aqui esquentando meus cornos. Ro

010/366 – Não esqueça a minha Caloi

Primeira bicicleta de marcha a ser produzida no Brasil a partir do ano de 1972, a “Caloi 10” é uma bicicleta própria para corrida, mas que ficou popular entre o público em geral. Na segunda metade dos anos 80 eu comprei uma “Caloi 10” de segunda mão, para ir da Lapa onde morava, até o trabalho no Largo do Machado. Essa é a décima crônica e sinto que estou fazendo alguma coisa aqui, ainda não sei bem o que, mas sinto que estou fazendo algo. Ano passado, com projeto semelhante, sofri ao perceber que não chegaria nem perto das 365 crônicas que pretendia. Mas este ano estou tranquilo, mesmo sabendo que não vou conseguir escrever as 366 crônicas deste ano bissexto. Acabou que a “Caloi 10” ficou lá, encostada num canto. Então decidi levá-la para a casa da minha mãe. Até aí tudo bem, não fosse o fato de minha mãe morar em Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio, distante cerca de 60 quilômetros do Centro do Rio, onde eu morava, e o pior, eu decidi levar a bike pedalando. E num dia de folga n

009/366 - Monareta

Só dinossauros como eu vão saber o que é uma Monareta. Monareta é uma bicicleta. Meu sonho de consumo no final dos anos 70. Naquela época, Sebastian Araujo , meu irmão mais velho, trabalhava numa oficina de bicicleta e ia para casa com uma bicicleta pequena que pertencia ao trabalho dele. Eu acordava todo dia bem cedo, antes de ele ir trabalhar, só para poder aprender a andar de bicicleta. Por que me veio esta lembrança? Porque minha filha, Eduarda Sousa , está me visitando, e eu a ensinando a andar de moto num cacareco barulhento que tenho aqui, mas é automática, é só acelerar e frear. Tenho um irmão, o caçula dos homens, o Criolo, como eu o batizei, que não sabe andar de bicicleta, estranho isto, alguém que não saber andar de bicicleta. Já eu, tanto madrugava para aprender, quanto desejava com todas minhas forças ter uma Monareta. Era tão grande o meu desejo, que uma noite sonhei que tinha uma bicicleta. Naquele dia acordei procurando meu sonho. Rotsen Alves Pereira Janeiro de 2023 #

008/366 - O pequeno príncipe

Estou envelhecendo. Estou envelhecendo e chegou o momento que eu tanto temia, aquele em que a esposa, que sempre trabalhou fora, decide ter um cachorro. Eu não queria ser um velho passeando com um cachorro. É, porque minha esposa é igual criança, arruma seus brinquedos, mas no final sobra para eu cuidar. Ainda bem que não é um poodle zero, seria muita viadagem eu levar para passear um poodle. Não que eu não seja viado, mas até a homossexualidade tem limites. Ele é sagitariano, vira-lata de pouco mais de 40 dias, nascido em 07 de dezembro do ano passado, de pelo marrom, tons de preto na cauda e nas orelhas. Existem cem mil vira-latas como ele e eu. Nem eu e nem ele temos necessidade um do outro. Mas ele há de me cativar, então, ele será único para mim e eu único para ele. Tudo isto é muito bonito, um filhote de cachorro, o livro de Saint-Exupéry. Realmente, tudo isto é muito bonito, quando visto de fora e no início. Mas o cachorro vai crescer, vai latir em horas impróprias, vai fazer co

007/366 – O arauto do Senhor

Minhas crônicas, vez por outra, são uma declaração de amor a um amigo, seja próximo, só conhecido ou virtual. Sempre espero que elas sejam uma declaração de amor àqueles que as leiam, não por que eu seja um 'São Francisco de Assis', mas é que eu nasci crônico de amor e, está para além de mim o que me leva a apontar minha pena para este ou aquele amor. O México do Segundo Império teve seu Maximiliano I. O Sacro Império Romano-Germânico também teve seu Maximiliano I. O cinema tem seu Maximilian Schell. Mas só os itapetinenses têm Max Heliano Estevam de Araújo. Gosto de chegar no Mercadinho Estevam e chamar alto e forte, Max! Como um grito. A boca de Max saliva, pelo prazer de regurgitar as palavras. E elas saem molhadas, macias e firmes. Arauto do Amor, ele as usa sem medo ou vergonha, com sua voz potente. Sempre achei um exagero a alcunha que leva a nossa cidade, “Itapetim - Ventre imortal da poesia”, mas aos poucos vou me rendendo. Rotsen Alves Pereira Janeiro de 2023 #366cro

006/366 – Menarca

Talvez alguns não saibam, mas menarca é o feminino de monarca. E monarca todos sabemos o que significa. Não, não é, menarca não é o feminino de monarca. Esta palavra cruzou meu caminho há muito tempo, numa época em que eu consultava dicionários, atraído primeiro pela sonoridade das palavras, sua semelhança com outras e seus significados totalmente distintos. A IA do Whatsapp me diz que: “Menarca é o termo que se utiliza para descrever a primeira menstruação de uma mulher. (...) É uma fase importante na vida de uma mulher, marcando o início da sua fertilidade”. E acrescenta: “Se tiver mais perguntas ou precisar de mais detalhes, estou aqui para ajudar!”. Eu aproveito, e o que significa monarca? “Monarca é um termo que se refere ao chefe supremo de um Estado monárquico, pode ser um rei, imperador ou sultão”. Domingo tive minha primeira menstruação. Não foi a primeira, claro, afinal sou um homem de 55 anos e já menstruei antes, mas esta foi "a monarca". Três dias mijando pelo co

48/365 – Maria Clara

Maria Clara é uma menina de cinco anos. Mora uma casa depois da nossa. Criada sem frescuras, ela anda descalça, só de fralda e chupeta. Ao sol, brinca na rua com os dois irmãos mais velhos. Este mês fizemos um ano morando aqui. Depois de herdar de minha esposa duas bonecas, Maria Clara resolveu povoar nossa casa. Maria Clara “nasceu” para nós neste Natal, renovando não o espírito do Natal, mas nossos espíritos. Esta semana ela tem vindo todas as tardes. Aqui em casa ela come biscoitos, desenha a mim e a minha esposa com aqueles traços de uma criança de cinco anos, vê desenhos do Youtube, os tais dos Elementos. Na hora de ir para casa, reclama, se esconde, argumenta. Nos tornarmos seus tios, ela nos toma a benção e alegra os tios da minha esposa com os quais moramos e a quem ela chama de vovô e vovó. Fiquei pensando, e se a virgem Maria tivesse concebido uma menina ao invés do menino Jesus? Bem, é um excelente argumento para uma nova história da humanidade, que agora não me sinto capaz