018/366 - Um homem bi-centenário

Está cada vez mais difícil exercer minha generosidade. Generosidade, esta coisa de dizer a que gênero pertenço. Preenchendo um formulário, por eliminação, me defini como “homem cisgênero”. As outras opções eram: mulher cisgênero, mulher transgênero, homem transgênero, pessoa não binária, não informar e não sei informar. Esta última opção eu que acrescentei. 



Não sou contra as ações de afirmação, todo o gênero humano tem o direito de se afirmar como se sente e não ser discriminado por isso. Eu pertenço ao gênero duvidoso, estou sempre em dúvida. Dias desses, minha irmã Joana D´arc,  lendo algo que lhe enviei e pedi que opinasse sobre, me disse que não se usa mais a palavra denegrir com sentido pejorativo. A militância exagera. 


LGBTQIAPN+*, esta sigla só cresce, sugiro trocar o + pelo símbolo do infinito. Quando eu era gay, existia também o gênero simpatizante. Por parte dos grupos e instituições, há uma  busca impossível de ser atingida, a de abarcar a todos. Sempre haverá um militante, o dedo a apontar, perguntando: “E aquele ali?” Acho que nas comunicações, ao invés do uso de “todes”, podíamos usar “humanos”, ou “pessoas”. Embora falte humanidade às pessoas. Já eu, gostaria mesmo era ser “sui generis”, mas não sou. 

Rotsen Alves Pereira                                                                                                               Outubro de 2024

*LGBTQIAPN+ (Lésbicas, Bi, Trans, Queer/Questionando, Intersexo, Assexuais/Arromânticas/Agênero, Pan/Pôli, Não-binárias e mais).


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