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Mostrando postagens de novembro, 2018

(Maria) Das Dores

Ele chegou para pegar um prato de comida. Disse que comia pouco, mas que podíamos cobrar o preço. Minha mulher lhe fez o prato, acompanhado de um copo desses refrescos em pó que vem em saquinhos e rendem um litro depois de prontos. Como sobremesa ela lhe serviu também um pedaço do bolo que tinha feito ontem para comemorar meus cinquenta anos. Não servimos sobremesa, mas ele comeu tão pouco, que acho que minha esposa ficou envergonhada de cobrar por tão pouca comida que lhe ofereceu o bolo. Depois de comer, e ele comia pouco mesmo, me falou das dores que o habitavam. E era eu escutando sobre suas dores e pensando que as dores que o habitavam moravam eram em mim. E no final, as dores não eram nem minhas, nem dele. Talvez por ser assim, doíam ainda mais do que se fossem nossas. Destino, coincidência, acaso, Deus... eu parei de procurar um adjetivo para essas coisas que sempre me acontecem. Dias atrás minha esposa me apresentou a uma lista das dores que nesses quase doze anos de